Já destacamos aqui no blog algumas vezes sobre a distribuição da água no Brasil. O país enfrenta dificuldades no sistema de abastecimento como um todo, entretanto, distribuir a água à população pode ser uma das tarefas mais difíceis.

Você se lembra o que é um sistema de abastecimento de água? Basicamente, trata-se de um conjunto de ações para captação, tratamento e distribuição de água potável pronta para consumo humano.

O sistema de distribuição é um conjunto de tubulações, conexões e bombas hidráulicas. Este sistema tem o objetivo final de distribuir a água desde a estação de tratamento até os ramais domiciliares. A NBR 12218 regulamenta os projetos de rede de distribuição para abastecimento público e afirma que a rede deve colocar água potável à disposição dos consumidores, de forma contínua, em quantidade e pressão recomendadas.

Projeto da distribuição de água em um município

O sistema de distribuição representa a parte mais dispendiosa do projeto de abastecimento. Ele representa em torno de 50 a 75% do custo total do sistema de abastecimento.

Existem algumas maneiras de se classificar as redes de distribuição. O mais comum é a segmentação por traçado, assim, são subdivididas em três grupos: ramificada, malhada e mistas. A ramificada executa um escoamento unidirecional com um duto principal que se ramifica para ambos os lados.

O segundo tipo, a malhada, possui um escoamento bidirecional em que o conjunto de tubulações forma um circuito fechado que se sobrepõem. E existem as redes mistas, que corresponde a uma configuração que mistura os dois tipos descritos anteriormente. Dessa forma, este tipo de rede executa um escoamento unidirecional e bidirecional simultaneamente.

As dificuldades da distribuição da água no Brasil

Agora que você já relembrou de alguns conceitos, vamos ao foco deste texto. Quais as maiores dificuldades da distribuição de água no Brasil?

Índices do Sistema de Informações de Saneamento (SNIS 2015) mostram que o abastecimento de água na região Sudeste se aproxima dos 100%. Entretanto, em alguns estados da região Norte, os índices não chegam aos 50%. Ou seja, menos da metade da população não têm acesso ao sistema de água.

Mas porque isso acontece?

1- Perdas de água

Voltamos constantemente a este assunto porque ocorre em todo o Brasil e gera grandes prejuízos financeiros. O estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil “Perdas de água: entraves ao avanço do saneamento básico e riscos de agravamento à escassez hídrica no Brasil” apresentou diversos resultados sobre este problema constante.

De acordo com a análise, o saneamento básico está entre as áreas mais atrasadas da infraestrutura nacional e depende de melhorias na gestão do setor, especialmente na situação de perdas de água. A média de perdas no Brasil está próxima dos 40%, o que significa elevado grau de perdas financeiras e também de recursos hídricos.

O estudo mostrou que a região Norte possui o maior índice de perdas (51,55%) e a região Sul, a menor (32,29%). Os motivos dessas perdas podem ser diversos: ligações clandestinas, erros de medição, ligações não cadastradas e até mesmo vazamentos.

As empresas de saneamento básico têm buscado investir em tecnologias que minimizem essas perdas. Por exemplo, hoje em dia, existem diversos sistemas supervisórios que apresentam aos técnicos possíveis vazamentos ao longo do sistema de distribuição.

Reduzir as perdas de água é tarefa essencial para as empresas prestadoras do serviço de abastecimento. De acordo com o Instituto Trata Brasil, uma redução de 10% nos índices de perdas agregaria R$ 1,3 bilhão à receita operacional do abastecimento.

Sistema supervisório de um sistema de distribuição de água

Sistema supervisório de um sistema de distribuição de água.

2- Construção em áreas irregulares

Em estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil nos 100 maiores municípios do Brasil, foi constatado que 90% dos esgotos em áreas irregulares não são coletados nem tratados. Além disso, em grande parte dessas localidades não chegam os serviços de abastecimento de água.

Isso significa que a água que chega vem através de ligações clandestinas. Essas ligações ilegais podem gerar contaminação da água distribuída. Além do mais, a falta desses serviços básicos acaba gerando ambientes propícios para a proliferação de doenças e aumento da desigualdade social.

Essas áreas irregulares, no geral, são locais com riscos de deslizamentos e inundações. Dessa forma, acabam sendo excluídas do planejamento devido a dificuldade técnica e custo financeiro para levar este serviço.

Áreas irregulares são dificuldades na distribuição da água no Brasil.

Outro estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil em 2015 em 12 cidades paulistas apontou que apenas 17,3% dos assentamentos possuíam acesso à rede de abastecimento de água.

A pesquisa também mostrou o impacto das ligações clandestinas nessas áreas: foram consumidos 151 milhões de metros cúbicos de água, entretanto, apenas 16,7 milhões de m³ foram faturados pelas prestadoras. Consegue imaginar o prejuízo?

O Instituto também apontou que 88,5% dos moradores dessas áreas disseram estar dispostos a pagar entre R$12 e R$24 pelos serviços. Dessa forma, é preciso que os órgãos públicos e as empresas concessionárias pensem sobre maneiras de garantir o serviço e a qualidade de vida da população sem gerar malefícios para as mesmas.

3- Má distribuição dos recursos hídricos no Brasil

Esse é um assunto que já debatemos bastante aqui no blog. Apesar da alta disponibilidade hídrica do Brasil, uma das maiores do mundo, a distribuição por região é bastante dispersa. Dessa forma, o acesso não chega na mesma quantidade e qualidade para todos.

A distribuição dos recursos hídricos no Brasil.

Distribuição da água no Brasil.

Como pode-se ver na tabela, a região Nordeste possui a menor concentração dos recursos hídricos do país, enquanto a região Norte possui a maior concentração de água e a menor densidade demográfica.

Essa diferença de disponibilidade dificulta a distribuição de água tratada, pois as agências devem pensar tanto na forma da rede de distribuição como na preservação do local de captação da água.

De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Botânica de São Paulo e a Academia Brasileira de Ciências, mais de 70% das cidades do semiárido nordestino, com população acima de 5000 habitantes, enfrentarão crise no abastecimento de água até 2025. Isto significa muitos desafios para os governos e empresas prestadoras.

Algumas considerações

Apesar das dificuldades, em geral, o sistema de distribuição e abastecimento tem água tem sido crescente no Brasil. Os investimentos no setor têm aumentado ao longo dos anos.

Investimentos no setor de distribuição no Brasil

As prestadoras dos serviços de abastecimento têm elevado o investimento, como mostra o gráfico. Entretanto, algumas regiões brasileiras ainda precisam de atenção especial.

O abastecimento de água gera maior qualidade de vida para a população e reduz os índices de proliferação de doenças. Além disso, como já discutimos anteriormente, os investimentos realizados agora são economizados em outros setores, tal como na saúde.

Assim, é preciso continuar investindo e planejar melhor para uma universalização da distribuição de água no país de forma a levar o acesso às áreas irregulares e mais necessitadas. Além disso, é preciso reduzir as perdas de água que são bastante elevadas no Brasil.

 

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